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Lição para os Sacerdotes

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Jesus declara a grande importância dos sacerdotes e pede que eles sejam fiéis. Instrumentos de salvação e não perdição das almas.     

Pe. Aerton Sales da Cunha

13 Novembro de 1943. Isaías C. 6° v. 6.

Diz Jesus:

« Para merecer difundir a Palavra de Deus, precisa-se ter lábios e coração puros. Coração puro, porque é do coração que saem os impulsos que movem o pensamento e a carne.
Ai dos que, sem manter-se puros, ousam falar em meu Nome com a alma em pecado. Não são esses meus discípulos e apóstolos. São meus salteadores, porque saqueiam as almas para dá-las a Satanás.
As almas, tanto as que seguem o sacerdote com respeito e fé, como as desconfiadas, o observam, são sujeitas a refletir, dado que elas têm cérebro, sobre a conduta do sacerdote. Se vêem que diz: “Sê paciente, sê honesto, sê casto, sê bom, sê caridoso, sê tolerante, perdoa, ajuda”, e pelo contrário é movido por ira, dureza, sensualidade, rancor e egoísmo, se escandalizam e, embora não se afastam da igreja, sempre padecem um choque.
São como golpes de armamento que vocês – sacerdotes não-vítimas do vosso sublime ministério, vos fazeis os continuadores dos Doze entre o povo que, a vinte séculos de distância, têm sempre que ser evangelizado, porque Satanás, em continuação, destrói a obra do Cristo, e cabe a vocês reparar as injúrias de Satanás – dão ao prédio da Fé nos corações. Também se estes não caem, se arruínam, e basta um golpe de ombro de Satanás para fazê-los cair.
Muitos, entre vós, os que copiam o décimo segundo apóstolo e, por baixo interesse vendem parte de Mim, às almas revestidas por meu Sangue, que vos entreguei, ao Inimigo de Deus e do homem.
Nesse estante, pelo menos por cinquenta partes – e sou muito indulgente –depende de vós, sal que se tornou insípido, fogo que não esquenta mais, luz que faz fumaça e não brilha, pão que se tornou amargo e consolo que se tornou tormento, porque, para as almas já feridas que vem para vocês por um apoio, apresentais um conjunto feito de espinhas: dureza, falta de caridade, indiferença, exagerado rigor a almas que vêm até vós para ouvir palavras ditas por um pai, onde esteja o eco da doçura, do perdão, da minha misericórdia.
Pobre almas! Inferis contra elas. Porque não inferis contra vós próprios? Tens desejo de pareceres imitadores dos antigos do Sinédrio? Porém aquele tempo passou e,sobre ele, Eu pus uma pedra tumular, porque mereciam ser sepultada para que, nunca mais fizessem o mal. Sobre esta ergui o meu trono de Piedade e Amor, dado por uma Mesa e uma Cruz onde um Deus se torna pão e hóstia para a redenção de todos.
Aprendei de Mim, Sacerdote eterno, como se é sacerdote. Ser sacerdote quer dizer ser angélico, quer dizer ser santo. Em vós o povo deveria ver o Cristo com uma evidência total. Infelizmente, muitas vezes, mostrais uma aparência semelhante a Lúcifer.
De quantas, de quantas almas Eu vou pedir conta aos meus sacerdotes! Vos repito o que disse Paulo. E credes que melhor seria confessar em público que não podes permanecer no meu caminho, em lugar de viver como viveis. Abjuraríeis somente vós a Mim. Permanecendo, cortais a Mim muitas almas. Deixais, uma boa vez, afastar tantas franjas e preocupações.
Para evangelizar retornem às Escrituras e pedis a Deus, purificar-vos a mente e o coração com o fogo da continência e do amor, para compreender como se deve entender.  Porque, saibam, vocês tornaram as gemas flamejantes do meu Evangelho como pedrinhas opacas e sujas de lama, embora não fizestes enormes pedras de anátema para apedrejar as pobres almas, dando para as palavras de amor, uma severidade que gela e leva a desesperar.
Sois vós que mereceis aquelas pedras, porque se um rebanho vem devorado por lobos, precipita num precipício, ou come ervas venenosas, noventa vezes entre cem, de quem é a culpa? Do pastor preguiçoso ou irresponsável que, no momento que as ovelhas encontram perigo, está a divertir-se, ou a dormir, ou a preocupar-se do comércio e da banca.
Pedis a Deus, mediante uma penitência de vida, que vos lave de tamanha humanidade, que um serafim vos purifique a toda as horas com o carvão aceso perante o altar do Cordeiro; poderia dizer: do Coração do Cordeiro, que arde há uma eternidade pelo zelo de Deus e das almas.
A penitência mata somente o que tem que ser morto. Não temeis pela vossa carne, que deveríeis amar para o que merece: muito pouco, e que vós amais como coisa preciosa. Os meus penitentes não morrem por isso. Morrem pela Caridade que os arde. É a Caridade que os consome, não são os cilícios e as regras. São prova disso que, por vezes, chegam a longa vida e com uma integridade física que os cuidadosos protetores da carne não alcançam. Os meus santos que faleceram na juventude são os que arderam no fogo do Amor, não os devastados por austeridade.
A penitência dá luz e agilidade de espírito porque doma a lula gigante da humanidade que vos segura bem presos ao fundo. A penitência vos arranca de baixo e vos lança ao alto, para o Amor.
Simplicidade, caridade, castidade, humildade, amor e dor, são as cinco maiores pedras preciosas da coroa sacerdotal. Destacamento das solicitações, longanimidade, perseverança, paciência, são as pedras preciosas menores. Estas fazem uma coroa de pedras preciosas bicudas que apertam, em um círculo o coração. Mas, mesmo por ser assim apertado, ficando ferido, que aquele coração aumenta seu esplendor, tornando-se rubi vivo numa grinalda de diamantes.
Nem vos digo: “Tenhais o coração do meu Pedro”; digo-vos: “Tenhais o coração do meu João”. Quero em vós, aquele coração, porque foi o coração apostólico perfeito, do amanhecer até o seu anoitecer.
A mente de Pedro introduzo nos meus vigários, mas o coração têm que fazê-lo vós. Aquele coração é indispensável para quem é Meu sacerdote: do mais alto, o meu Santo, que é cândido de alma e pensamento, como por veste, e que é a maior Hóstia nessa sangrenta missa que a Terra celebra, ao meu menos pastor, que parte o Pão e a Palavra na menor cidade: uma borrifada de casas que o mundo desconhece, não levando-as ao mundo, mas que a Eucaristia e a Cruz a fazem digna como um palácio real. Ainda mais que um palácio real: a faz semelhante ao maior Templo da Cristandade, porque, ou em cibório adornado por pérolas ou em um pobre cibório, está sempre o mesmo Cristo, Filho de Deus, e as almas que se curvam diante d’Ele – vestidas por púrpura cardinalícia e vestes reais, ou vestidas por humilde túnica e de pobre pano – para Mim são iguais. Eu vejo o espírito, ó filhos, e abençoo onde tem mérito. Não me deixo encantar pelas coisas do mundo, como frequêntemente vocês fazem.
Mudai vosso coração, sacerdotes. A salvação dessa humanidade está demais entre as vossas mãos. Não fazeis que no grande Dia, eu deva condenar numerosas legiões de ungidos responsáveis das enormes ruínas que, dos corações, se espalharam no mundo»[1].


Note

[1] Maria Valtorta, I Quaderni del 1943, 13 novembre c.6° v.6, CEV Isola del Liri (Italia) – 2006, p. 473-476. Tradução do italiano para o portoguês do Brasil por Mario Calabrò.

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